Foto: Melina Souza |
Já ouvi comentários de alguns estudantes que, aparentemente, desenvolvem “um déficit de atenção” no momento em que precisam se dedicar aos estudos. Deste modo, essas pessoas acabam interpretando o comportamento de “enrolar” como algo sintomático, e diagnosticam a si mesmos com TDAH, por exemplo. E isso beneficia o indivíduo de duas maneiras: O comportamento de estudar não está sob seu controle; e ele não tem culpa por não conseguir estudar. Por isso a importância do diagnóstico quanto as dificuldades escolares, para que a pessoa não “enrole” por pretextos errôneos e receba a ajuda adequada.
Uma das hipóteses para explicar este comportamento é que talvez o indivíduo esteja procrastinando. Conforme Kerbauy (1997, apud Hamasaki e Kerbauy, 2001, sp), “procrastinar é o comportamento de se adiar tarefas, de se transferir atividades para “outro dia” que não o atual; deixar de fazer algo ou – ainda – interromper o que deveria ser concluído dentro de um prazo determinado”.
Isso pode está ocorrendo porque estudar é considerado algo aversivo e que está competindo com a possibilidade de fazer algo divertido. Assistir filmes/séries, o uso das redes sociais e sair/conversar com os amigos é muito mais interessante e confortável. Além do mais as atividades citadas são reforçadas a curto prazo, a própria atividade em si já é gratificante. Em contrapartida, o comportamento de estudar, em geral, está entrelaçado a assuntos que não dominamos ou não temos muito interesse, que demandam mais tempo e esforço para que sejam concluídos.
Por exemplo, uma prova de vestibular requer um esforço maior, meses de empenho até obter a gratificação necessária, ou seja, uma atividade que é reforçada a longo prazo. É difícil a competição entre a atividade que é reforçada a longo prazo versus a atividade que é reforçada a curto prazo.
O estudante sabe que precisa estudar e não consegue gerenciar o seu tempo entre lazer e atividades acadêmicas, essa condição poderá gerar um sofrimento em torno do sentimento de culpa. O estudante poderá se sentir culpado por não ter se dedicado mais aos estudos e talvez essa falta de dedicação traga consequências negativas, como a nota da prova não ser suficiente para alcançar seus objetivos.
Para ajudar a minimizar os efeitos da procrastinação é interessante que você crie um ambiente propício aos estudos. Há pessoas que estudam melhor em bibliotecas do que em casa, pois o acesso às distrações é menor. Além do mais o aluno tem que se policiar com o uso do celular e internet, pois eles podem desviar o seu foco. O estudante também pode criar metas e se premiar com o lazer. Por exemplo, “após uma hora de estudo eu posso relaxar por 10 minutos” ou “após eu terminar determinado capítulo posso tirar um cochilo”. Mas, lembre-se que o tempo dedicado ao lazer não pode ser infinito, a pessoa tem que aprender a gerenciar suas atividades, criar novos hábitos.
Segundo entrevista com o Psicólogo Roberto Banaco, a dica é tentar quebrar a atividade em pequenos pedacinhos, pequenas tarefas. Ao terminar a tarefa partir para próxima e não ficar pensando/visualizando o quanto você tem que estudar, pois isso assusta e pode paralisar o aluno. É importante planejar prazos para finalizar determinada tarefa, prazos compatíveis com o tempo da pessoa, uma vez que prazos incompatíveis não serão cumpridos levando a frustração. Também é importante sempre levar em consideração que a atividade terá de ser feita. Um passo de cada vez.
A adaptação aos novos hábitos pode demorar um pouco, então não se sinta frustrado no decorrer desse processo, se um método de estudo não está funcionando procure outro. Você também pode procurar acompanhamento especializado para minimizar os efeitos da procrastinação, pois as pessoas são diferentes e podem procrastinar por motivos diferentes.
{Esse texto foi escrito para um site que me convidou a ser colunista lá, mas no final eu acabei desistindo por falta de tempo. Então, resolvi publicar aqui. Gostaram deste tipo de texto? Deixe nos comentários sugestões por novos temas. Se alguém quiser a referência bibliográfica é só me mandar um email}
Gostei muito do texto, o post ficou interessante e gostei da forma que foi abordado.
ResponderExcluirmuito bom seu post, eu enrolo muito para estudar. me deu mal muitas vezes por isso abraços.
ResponderExcluirGostei muito do texto. Eu vivo procrastinando.. =/ É algo que estou tentando mudar. Vou gostar de ler mais postagens assim. =)
ResponderExcluirBeijinhos ♥
Contadora de Histórias
Eu me lembro que quando ainda estava no colégio procrastinava demais! Na faculdade isso melhorou bastante (ainda bem!). Muito legal o post!
ResponderExcluirEu devo ser a rainha da procrastinação, juro! Só faço as coisas quando sei o quão importantes elas são, mas se for algo que pode ser adiado, eu adio. Sinto culpa? Demais! Mudo? Ainda não!
ResponderExcluirSei lá qual é o meu problema, mas tô vendo que tô mudando agora que consegui o meu tão sonhado primeiro emprego. Agora é faz ou faz, hahaha
Beijos, milenaschabat.blogspot.com